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03 agosto 2010

TRAIÇÃO

É difícil entendermos a traição de Judas porque nós vemos Cristo como Senhor e Rei, o Filho de Deus. É inconcebível pensar que alguém poderia se colocar contra o próprio Deus. Para nós, Judas é simplesmente alguém detestável que foi desleal apenas por dinheiro.

No entanto, precisamos pensar que Judas, talvez, visse Cristo apenas como um líder e, provavelmente, ele era alguém confiável no princípio. Se ele não fosse confiável, Jesus não teria lhe confiado o dinheiro. A maioria das pessoas designa para tesoureiro a pessoa mais confiável. Além disso, sabemos que houve um dia em que o diabo entrou em Judas, o que significa que antes disso ele não tinha demônio.



Gostaria de analisar o que pode ter levado Judas a trair Cristo. Seria algo que somente poderia ter ocorrido a Judas, ou poderia também acontecer conosco?
Essa questão é importante porque, se Jesus tinha um Judas, nós também teremos. Não importa o que façamos, em algum momento teremos de experimentar traição porque o próprio Senhor a experimentou. Toda igreja terá um Judas. Toda igreja experimentará o flagelo de líderes traiçoeiros. Davi disse no Salmo 41.9: “Até meu amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o calcanhar.”

É difícil acreditar que alguém que você conhece há vários anos um dia irá lutar contra você. Eu não conheço um ministério experiente que não tenha vivenciado traição de uma forma ou de outra.
Essa verdade tem duas implicações. A implicação para todos os líderes é simples: antecipe-se à deslealdade. Mas a implicação para os discípulos e seguidores é assustadora, embora muito real: um de nós será um Judas. Apenas certifique-se de que não será você. (Mt 18.7)

Jesus orou a noite inteira antes de escolher os doze apóstolos. Observe também que os discípulos eram muito próximos de Jesus. Eles viajavam juntos, conversavam juntos e viviam juntos. Como poderia alguém tão mau emergir de tal fraternidade?
Não sabemos exatamente todas as razões que levaram Judas a trair, mas gostaria de estudar algumas possibilidades teóricas que podemos deduzir a partir do texto bíblico.
A única razão que nos é claramente colocada nas escrituras é que Judas traiu Jesus por causa de dinheiro. Isso nos dá pistas de como ele deveria se sentir diante de algumas situações mencionadas nos evangelhos.

1. Judas era um estranho no ninho

Todos os discípulos vieram da Galileia, mas Judas era de Queriote. Daí seu nome ser Iscariotes, que significa natural de Queriote. Ele era uma exceção do time galileu, e sempre que você é a exceção ou alguém que vem de fora em um grupo, isso pode fazer com que você veja as coisas sob uma ótica diferente.
Se, por exemplo, você for a única pessoa negra entre muitos brancos, você pode sempre ver piadas e comentários como sendo dirigidos contra sua cor. Se você for a única mulher entre homens, você pode sempre interpretar suas decisões como sendo voltadas contra mulheres. Se for a única pessoa sem educação formal entre muitas pessoas formadas, o diabo virá até você muitas vezes e dirá que as pessoas pensam que você é estúpido.
Cuidado com pessoas que são uma exceção peculiar numa equipe. Muitas delas se tornam desleais porque são vítimas da experiência de ser “o estranho no ninho”.

2. Judas ficou desapontado com o tipo de ministério que ele estava exercendo

Ele, inicialmente, sentiu que se tornar parte da equipe ministerial elevaria seu status e lhe daria a oportunidade de ministrar. Para sua surpresa, ele se tornou um mensageiro, um garçom, um porteiro e um lixeiro.
Judas como porteiro – “Disse Jesus: fazei o povo assentar-se...” (Jo 6.10)
Judas como garçom – “Então, Jesus tomou os pães e, tendo dado graças, distribuiu-os entre eles...” (Jo 6.11)
Judas como lixeiro – “E, quando já estavam fartos, disse Jesus aos seus discípulos: “recolhei os pedaços que sobraram...” (Jo 6.12)
Judas como mensageiro – “Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé, ao monte das Oliveiras, enviou Jesus dois discípulos...” (Mt 21.1)
Talvez, enquanto levava o cesto de comida de um lado para outro, Judas se sentisse humilhado e pensasse consigo mesmo “não foi para isso que eu fui chamado”.

3. Judas provavelmente estava desapontado com a realidade do ministério

As acomodações eram precárias

Ele pensou que ganharia melhores condições de serviço. Mas, ao seguir Jesus, ele nem sequer teve uma casa alugada onde viver. (Lc 9.58)
Talvez Judas odiasse ficar com amigos e se espremer nos lares das pessoas. Imagine doze homens grandes espremendo-se dentro de uma casa pequena.
Não havia transporte
Judas talvez pensasse que ao entrar no ministério de tempo integral, ele teria o luxo de ser dono do próprio jumento ou mula (carro). Mas não seria assim. A única pessoa a andar em um jumento foi Jesus, e assim mesmo no final de Seu ministério. (Jo 12.15)
Que decepção para este jovem aspirante! Muitos largam o ministério quando descobrem que bons carros não estão disponíveis como eles imaginavam. O que é ainda mais difícil para eles é perceber que apenas o chefe (o Senhor Jesus, no caso de Judas) parece usufruir certos benefícios.

4. Talvez Judas visse Jesus como alguém mesquinho

Judas provavelmente pensava que ele havia vivido tempos melhores quando não estava trabalhando para Cristo. Mas o pior veio quando pediram que ele comesse o resto da comida dos outros. (Jo 6.12-13)
Talvez Judas começasse a ver Jesus como alguém mesquinho que nunca seria generoso com seus empregados. Esse ponto foi enfatizado quando Jesus pediu aos Seus discípulos que coletassem os restos de pães que sobraram.

5. Talvez Judas não gostasse do jeito especial que Jesus era tratado

Ele pensou que os gastos generosos com Cristo eram desnecessários. “Quem, afinal de contas, é este Cristo?”, pensou ele. Por que gastar tanto dinheiro com um homem? Agora, há treze de nós na equipe. Por que destacar uma pessoa e gastar tanto com ela? Afinal, nós começamos este ministério juntos há alguns anos. Ele começou a pensar que havia um desequilíbrio na distribuição das finanças da igreja. (Jo 12.1-6)
6. Talvez Judas sentisse que a ênfase e direção do ministério haviam mudado
Ele sentiu que mais dinheiro deveria ser gasto com os pobres. Judas sabia, como tesoureiro, como o dinheiro estava sendo gasto no ministério. Ele agora achava que a política administrativa e financeira de Jesus era deficiente.
Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres? (Jo 12.5)
Alguém que tenazmente acusa outros de crimes horríveis é, muitas vezes, culpado dos mesmos. Uma pessoa que nunca tenha se envolvido em certas coisas normalmente não acusa outros de forma tão contundente. Isso porque tais crimes cruéis nem lhe ocorrem como possíveis opções.
Havia um homem que sempre acusava sua mulher de adultério. Mas ela não estava fazendo nada do que ele a acusava. Ironicamente, ele estava tendo casos com diferentes mulheres. Judas dizia que estavam usando o dinheiro da forma errada, mas ele era o próprio ladrão.
Isto disse ele, não porque tivesse cuidados dos pobres; mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, tirava o que nela se lançava. (Jo 12.6)

7. Talvez Judas quisesse ficar rico rapidamente

Ele pensava que seu salário era muito baixo para o trabalho que fazia. Jesus havia prometido grandes recompensas, mas ele não podia vislumbrar quando tal promessa se concretizaria.
Tornou Jesus: em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa ou irmãos ou irmãs ou mãe ou pai ou filhos ou campos por amor de mim e por amor do evangelho, que não receba, já no tempo presente o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos. (Mc 10.29-30)
Então ele começou a pensar em outras formas de fazer dinheiro rapidamente. Ele começou a furtar o dinheiro das ofertas. Mas isso não era suficiente. Ele então percebeu um grande negócio: considerando o ódio que os judeus tinham de Cristo, viu que se pudesse entregá-lO a eles, poderia se dar bem.
E Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principais sacerdotes, para lhes entregar Jesus. Eles, ouvindo-o se alegraram e lhe prometeram dinheiro... (Mc 14.10-11)

8. Talvez Judas tenha ficado familiarizado demais com Cristo

O excesso de familiaridade pode gerar desprezo. Judas agora havia estado com Jesus por três anos. Ele tinha visto Jesus feliz (Lc 10.21) e também tinha visto Jesus chorar (Jo 11.35). Ele havia estado com Jesus enquanto Ele comia e quando Ele foi ao banheiro. Judas não somente conhecia Cristo em seus momentos de grande poder, milagres e unção, como o conhecia quando estava vulnerável como qualquer homem.
À medida que Judas se envolvia com Seu Mestre nas atividades do dia-a-dia, a familiaridade se infiltrou. A comunhão próxima o levou a pensar que Jesus era um home comum e não Deus encarnado. Judas não teria tentado matar Cristo se ele não o tivesse visto como um homem comum.
Ninguém em sã consciência tentaria trair Deus. Porém, muitas pessoas tentariam trair outro homem. Tão logo você comece a ver o homem de Deus como homem comum, você não receberá mais dele. Pensamentos maus de traição entrarão em sua mente. Ministros devem, portanto, não se permitir muita familiaridade.

9. Talvez Judas percebesse que Jesus tinha descoberto que ele era um ladrão

Era um fato conhecido (mesmo antes de Cristo ser crucificado) que Judas era um ladrão. Talvez o Senhor estivesse dando a Judas uma oportunidade de se arrepender. Os criminosos sempre querem queimar as provas. Judas provavelmente percebeu que ele havia sido descoberto, e, temendo as consequências, decidiu atacar Jesus antes que alguma coisa acontecesse com ele.
Muitos rebeldes sincronizam sua rebelião para encobrir outros erros. Judas sincronizou sua traição para exterminar Cristo antes que Ele pudesse desgraçá-lo publicamente. Alguns se levantam contra a autoridade por meio da disciplina pública para seus erros. Eles fingem que têm razões justificáveis para fazê-lo. Mas debaixo da fachada, há muitos pecados vergonhosos.

10. Talvez ele tenha ficado decepcionado porque Jesus falava sempre sobre sua morte

Normalmente, apenas pessoas deprimidas ficam falando sobre morte, mas O Senhor Jesus calmamente previu Sua morte várias vezes.
Então, começou ele a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do Homem sofresse muitas coisas, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, fosse morto e que, depois de três dias, ressuscitasse. (Mc 8.31)
Quando falou sobre o fim de Seu ministério, Judas deve ter pensado: “Ele não é tão poderoso como eu pensava, não é esse o Messias que aguardamos.”

Quando Jesus bradou: “Deus meu, Deus meu! Por que me abandonaste?”, muitas pessoas pensaram que Ele era um homem comum que havia chegado a uma morte infeliz. Não sabiam que isso era apenas um estágio no ministério do Senhor Jesus Cristo. Infelizmente, Judas interpretou mal o ministério de Jesus.

Aluízio A. Silva

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