A vida da igreja
A palavra “igreja” é mencionada cinco vezes no capítulo 16 de Romanos. Isto é notável porque tal não acontece em nenhuma outra parte do livro de Romanos. Assim, podemos dizer que a ênfase do último capítulo do livro é a vida da igreja. Vamos analisar cada uma dessas menções.1ª Menção – vv. 1, 2
O original grego nos mostra que a irmã Febe era diaconisa na igreja em Cencréia; era alguém que servia. Além disso, Paulo diz que ela era “protetora de muitos e também de mim”. A palavra original traduzida como “protetora” significa “alguém que sustenta o outro com seus recursos”. A palavra “patrocinadora” exprimiria melhor esse sentido.
Assim, se somos pessoas que levam a sério a vida da igreja, seremos daqueles que servem e sustentam a obra, suprindo-a com os próprios recursos. Se não servimos e não temos um coração cuidadoso e generoso, somos indignos da prática da vida da igreja.
2ª Menção – vv. 3, 4
A segunda menção da igreja nos mostra que precisamos arriscar o pescoço pela igreja. Priscila e Áquila não consideravam a própria vida como preciosa para eles; antes, desejavam cuidar da igreja ao custo da própria cabeça.
Embora precisemos estar estabelecidos numa localidade específica, o Senhor deseja que tenhamos um coração pelas igrejas de Cristo.
3ª Menção – v. 5
A terceira menção diz respeito à igreja que se reunia na casa de Áquila e Priscila. Quando moravam em Éfeso, havia uma igreja na casa deles (At 18.18-19; 1 Co 16.19), e na época em que estavam vivendo em Roma, agiam da mesma maneira.
Hoje, cumprimos esse padrão quando abrimos nossa casa para receber uma célula. É um encargo muito pesado que será recompensado pelo Senhor.
4ª Menção – v. 16
A menção agora é referente a todas as igrejas de Cristo. Onde quer que haja uma igreja reunida, ela é uma igreja de Cristo, não minha, sua ou de quem quer que seja. Não devemos pensar que a igreja é do pastor ou de alguém importante. A igreja é de Cristo.
Além disso, vemos aqui a multiplicidade das igrejas locais. Existe apenas uma igreja universal, mas inúmeras igrejas locais. São as igrejas locais que expressam Cristo de forma prática.
5ª Menção – 23
A última menção da igreja em Romanos diz respeito á hospitalidade. Talvez, em nossos dias, a hospitalidade não seja tão vital como era naquele tempo, quando não existia a estrutura moderna de hotéis. Mas não devemos pensar na hospitalidade em termos tão restritos. Hospitalidade é a atitude de ser aberto para receber a igreja.
Assim, é a hospitalidade que determina o ambiente em uma igreja. Uma atitude de hospitalidade produz uma igreja amorosa, cuidadosa e aconchegante. Nesse sentido, os anfitriões de célula possuem uma posição muito importante na vida da igreja. Eles são aqueles que mais visivelmente expressam a hospitalidade e, por isso, podem influenciar toda a igreja a ter uma atitude hospitaleira, de aconchego e carinho.
Como veremos adiante, a chave para uma igreja crescer com saúde certamente passa por seu ambiente espiritual. Esse ambiente é determinado pela oração e jejum, mas depende muito da hospitalidade dos membros.
Um anfitrião hospitaleiro afeta toda a igreja com sua atitude. Os anfitriões têm o poder de detonar uma verdadeira revolução dentro da igreja, simplesmente contagiando os irmãos com sua hospitalidade amorosa. Aquilo que os irmãos experimentam na célula, eles trazem para a reunião de celebração e para todos os ministérios da igreja.
É preciso reforçar a importância do anfitrião da célula dentro da estrutura da igreja celular. Comumente, o anfitrião desenvolve algumas atitudes que podem ser um impedimento para o avanço da célula.
Em primeiro lugar, alguns alimentam o pensamento de que o que estão fazendo é algo de menor importância. Por pensarem que se trata de algo sem valor, muitos não oram pela célula, não preparam o ambiente espiritual da casa e não desempenham a função com zelo e compromisso. Isso precisa ser mudado. O anfitrião tem uma função tão importante como a do líder da célula.
O segundo pensamento errado é que estão apenas cedendo sua casa para uma reunião e que isso qualquer um poderia fazer, o que é um grande engano. Receber a célula não é meramente ceder um espaço físico para a reunião do grupo. De fato, nossas células podem se reunir em qualquer lugar, mas descobrimos que uma célula que se reúne na casa de um anfitrião é muito mais viva, envolvente e saudável que uma célula que se reúne num espaço qualquer de uma escola ou empresa.
Isso acontece porque o segredo do ambiente da célula é seu anfitrião. Um anfitrião amoroso, caloroso e receptivo deixa as pessoas à vontade e elas se sentem livres para terem comunhão ali. Um ambiente assim atrai o novo convertido, gera um ambiente de família e, eventualmente, resultará em multiplicação.
Um bom anfitrião não cede apenas sua casa, mas se envolve amorosamente com a célula. Ele, na verdade, assume a célula como sendo seu trabalho e ministério. Um bom anfitrião sabe que ele sozinho não pode multiplicar uma célula, mas ele tem consciência que pode destruí-la se não desempenhar com zelo a sua função.
Anfitriões que acalentam esses pensamentos se tornam acomodados e passivos, pois imaginam que seu único trabalho é receber a célula para uma reunião. Precisamos perceber que o trabalho de um anfitrião afeta toda a igreja.
Muitas pessoas imaginam que a hospitalidade, hoje, se tornou desnecessária, pensando que ela se limita a receber um visitante de fora para dormir em sua casa. Mas isso é um conceito bem restrito. Hospitalidade nos fala de abrir nossa casa para que seja um lugar aonde os irmãos venham para ter comunhão, serem cheios do Espírito ou simplesmente terem o aconchego de uma amizade.
Se você nunca abre sua casa para receber pessoas para um churrasco, uma brincadeira ou para orar, então sua vida é fechada e você ainda não entende o poder da hospitalidade. Nós, brasileiros, somos naturalmente gregários e hospitaleiros, mas na medida em que vamos prosperando e ficando mais sofisticados, vamos nos tornando formais e distantes.
Hospitalidade é um ambiente. É uma sensação de ser bem vindo e de sentir-se à vontade. Uma igreja onde as pessoas são hospitaleiras terá sempre um ambiente familiar e envolvente. Ser hospitaleiro é se preocupar com o bem estar e o conforto do outro.
Hoje, temos percebido como os anfitriões são importantes para determinar o ambiente de nossa igreja, pois a hospitalidade começa na célula. Receptividade, aconchego e carinho precisam ser a marca de nossas células e isso depende muito de nossos anfitriões. O anfitrião define o ambiente de sua célula e, por extensão, a fisionomia de nossa igreja.
Em resumo, podemos fazer uma lista desses cinco aspectos da vida da igreja:
- Servir a igreja e sustentá-la;
- Arriscar nossa vida pela igreja;
- Ter a igreja em nossa casa;
- Nunca considerá-la como a igreja de alguém;
- Ter uma atitude de aconchego e hospitalidade.
Pr. Aluizio A. Silva
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